"Ele só queria ir pra mata para pegar passarinho para a avó, mas estouraram a cabeça dele com um tiro de fuzil". Foram essas as palavras do auxiliar de serviços gerais Leonardo Reis de Souza, de 34 anos, pai do adolescente Kaio Luiz dos Santos, de 15 anos, morto baleado nesta quinta-feira (21) no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio.
Segundo Leonardo, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) no Centro do Rio, na manhã desta sexta-feira (22), para liberar o corpo do filho, Kaio sempre teve costume de ir para a mata, junto com o irmão, para pegar passarinho e nesta quinta não foi diferente, mas ninguém poderia imaginar que o final seria trágico.
"Eu estava em casa, minha filha mais velha que mora em Campo Grande recebeu uma ligação e foi informada do que havia acontecido com o irmão. Ela me ligou e me contou que o irmão estava morto na mata. Saí de casa e subi o morro junto com outros moradores. Fomos recebidos a tiros por traficantes da Serrinha, que não estavam deixando a gente pegar o corpo. Depois que o helicóptero da polícia começou a sobrevoar a região, consegui subir o morro e resgatei o corpo do meu filho com um tiro de fuzil na cabeça, na perna e no ombro", disse.
Ainda segundo o pai, a tragédia poderia ser ainda maior já que Kaio estava na companhia do irmão, de 14 anos, que conseguiu correr quando ouviu os tiros.
O irmão dele estava junto com ele. Na hora do tiro ele notou que o irmão havia sido baleado e estava morto. Ele correu para casa. Ele está em choque e a mãe está a base de medicamento Leonardo Reis, pai de Kaio
Kaio completou 15 anos no último dia 13. O sonho dele era ser veterinário. O sepultamento será na tarde de sábado (23) no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio.
"A onde nós vamos parar com essa violência toda? A gente já não tem mais o nosso direito de ir e vir. O sonho dele era ser veterinário. Cadê as autoridades que não tomam conta? Ele gostava de criar passarinhos e porcos. Agora só nos restou os bichinhos dele que ficaram lá na casa da minha mãe", disse Isabel Souza, madrinha de Kaio.
A Polícia Militar afirmou que foi acionada por moradores da comunidade onde o corpo do adolescente foi encontrado, enrolado em um lençol. Segundo a corporação, ele teria sido atingido durante confronto entre grupos de criminosos.
A Secretaria Municipal de Educação divulgou nota sobre a morte de Kaio. No texto, a pasta diz que “lamenta profundamente a perda de um de nossos alunos para a violência".
"Kaio era aluno da Educação de Jovens e Adultos e estudava na Escola Municipal Cecília Meireles. Por medo do forte tiroteio que acontecia na área, sua mãe não o deixou ir à unidade escolar. Ele foi alvejado próximo à sua casa na comunidade do Juramento", diz o texto.
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